HISTÓRIA DE SÃO JOÃO BATISTA

06/06/2012 11:27

 

A história da Paróquia São João Batista se confunde com a própria história da formação da cidade de Rio Claro, e tem início em 1.823, quando, acompanhando o Capitão Francisco da Costa Alves, Padre Delfim, médico e ex-capelão de Campo Largo do Atibaia, chegou a Rio Claro, trazendo consigo uma imagem de São João Batista, que havia sido confeccionada na Bahia pela quantia de trezentos mil réis. Para abrigar tal imagem, na fazenda de Costa Alves foi erguida uma capelinha, onde, provavelmente, foi realizada a primeira missa.Não demorou muito para que os demais moradores de São João Batista do Ribeirão Claro exigissem a construção de uma capela maior e mais próxima ao povoado formado às margens do Córrego da Servidão.

Para dirimir a questão foi chamado Antônio Paes de Barros, mais tarde Barão de Piracicaba, muito respeitado à época, que deliberou a compra de terrenos localizados no chapadão confinado com o Curral dos Pereiras, onde foi construída uma capela muito simples, com esteios e portais de madeira. A porta principal era de embaúba e as janelas eram minúsculas. No altar, reluzia a imagem de São João Batista.

Com a nova capela, Ribeirão Claro era uma felicidade só. Assim sendo, Antonio Paes de Barros, Manoel Afonso Taborda, Senador Vergueiro, os Irmãos Pereira e mais uma centena de moradores de São João, requereram junto ao Vigário Capitular de São Paulo a criação da Capela Curada.

Em 20 de junho de 1.827, o Arcediago, Dr. Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade, passou a provisão de Capela Curada, nomeando o Padre Delfim da Silva Barbosa, como Capelão.

Em agosto daquele ano, em sinal de gratidão ao Bispo e ao Governador, Padre Delfim celebrou missa solene inaugural da nova capela de Ribeirão Claro.

A população vivia em torno da Igreja e sob a proteção de São João Batista, seu padroeiro. Famílias inteiras vinham de longe para assistir as missas.

O primeiro batismo foi realizado em 24 de junho de 1.828, conforme o assentamento:

“Benedicta – aos vinte e quatro de Junho de mil oitocentos e vinte oito nesta capella de São João Batista, baptisei, e puz os Santos óleos a innocente Benedicta filha legítima d´Antonio Martins Peres e de Brígida Maria, moradores no Passa sinco foram padrinhos Antonio Correa e sua mulher Margarida moradores no mesmo lugar, e para Constar fis esse assento que assigno. (a) O capellão, Delphino da S. Barboza.”

O primeiro casamento foi celebrado em 15 de setembro de 1.828, constando do assentamento o quanto segue:

“Aos quinze de setembro de mil oito centos e vinte oito, pelas quatro horas da tarde, em minha presença e das testemunhas, abaixo assignado e exame de Doutrina sem impedimento algum se recebeu digo nesta Capella Curada de São João Batista do Morro Azul se receberão por palavras de presente Domingos com Gertrudes escravos do Capitão Joaquim José d´Andrade morador no Morro Azul, e logo receberão as bençoens nupciaes pelo Missal Romano e para constar fiz este assento que assigno. (a) Pe Delphino da Silva Barbosa, Felipe Antonio de Azevedo e Cypriano Jose da Cunha, que eram as testemunhas.” 

Em 17 de janeiro de 1.832 foi criada a Paróquia São João Batista. Em três de janeiro de 1.839, foi empossado o Padre Manoel Rosa de Carvalho Pinto, com a responsabilidade de dar continuidade às obras da igreja. Fundou a Irmandade do SS. Sacramento (1.847) e construiu a Igreja da Boa Morte (1.856).

Padre Rosa demitiu-se em 1.843, passando a auxiliar o Pe. José Norberto de Oliveira, que acabava de ser nomeado o novo padre da cidade. No ano de 1.845, São João do Ribeirão Claro ficou independente e agora era uma vila. Nesta época, a Matriz já estava recebendo os últimos retoques.

No ano de 1.858, já com o Pe. Sérvulo a então cidade de São João do Ribeirão Claro, se preparava para a visita do Bispo Diocesano Dom Antonio Joaquim de Mello. O povo, curioso, aguardava a chegada do chefe da Igreja com grande entusiasmo. Por dois dias seguidos, o Bispo ministrou o sacramento da crisma e o santo ofício da missa.

Em 1868 chegou a Rio Claro o novo pároco, Cônego Flamínio Álvares Machado e Vasconcellos, que foi ordenado em 09 de agosto de 1.855, por Dom Antonio Joaquim de Mello. Quando nomeado vigário de Santa Efigênia, em São Paulo , enfrentou a epidemia de varíola sempre solícito e incansável, e não deixou de assistir aos doentes nos leitos de hospitais.

Em Rio Claro , o pároco foi responsável pela construção da nova Matriz, inaugurada em 1.877. Além disso, administrou a Paróquia por dezesseis anos, sendo ao mesmo tempo Vigário Forâneo da Camarca Eclesiástica. Foi um dos fundadores do Gabinete de Leitura de Rio Claro. Enfrentou novamente epidemias como um verdadeiro herói, proporcionando aos doentes socorros materiais e espirituais.
Após deixar de ser vigário nesta cidade, Cônego Flamínio se dedicou ao professorado, educando crianças.

Faleceu em Limeira, aos 13 de maio de 1.917, com 86 anos de idade, 61 deles dedicados à vida sacerdotal. Conforme sua vontade, seu corpo foi enterrado em Rio Claro. De acordo com uma carta enviada ao sobrinho, publicada no Diário do Rio Claro, em 08 de julho de 1.917, era de sua vontade uma “sepultura humilde, sem nenhum symbolo que lisonjeie a minha passagem por este mundo. Rogo a todos de minha família que não façam convites especiaes para o meu enterro, nem mesmo para missa do sétimo dia do meu fallecimento, que desejo seja celebrada sem incommodo de pessoa alguma...” 

Em 1.907, chegou a Rio Claro o Monsenhor Francisco Botti, nascido em Perdifumo, na Itália. Com dez anos de idade, ingressou no Seminário da Abadia de Cava dei Terreni. Foi ordenado sacerdote em 17/12/1887, na Igreja Santo Afonso de Ligório. Em Rio Claro , foi responsável pela construção da Igreja Matriz São João Batista, iniciando as obras em 1912, após demolição da antiga igreja. A nova Matriz foi consagrada em 1.926 pelo Bispo Diocesano Dom Francisco de Campos Barreto... Recebeu o título de Camareiro Secreto de SS. Do Papa e em 1923 de Monsenhor. Em 1.929, montou o Seminário da Santa Cruz. Em 1.939, fundou a Casa de Nossa Senhora. 

Em sucessão ao Monsenhor Botti, no ano de 1.940, chegou em Rio Claro o Monsenhor Antonio Martins da Silva, que nasceu em Piracicaba em 1.908 e ordenou-se em Campinas, no dia 31 de dezembro de 1.933. No ano de 1.961, o vigário retornou a Piracicaba, exercendo seu ministério nas Paróquias da Catedral e do Bom Jesus e, finalmente, foi vigário da Paróquia Santa Terezinha em Piracicaba, onde faleceu no dia 04 de junho de 1.969, com 61 anos de idade. Foi Diretor Diocesano das Federações Marianas masculina e feminina.

No ano de 1.976, o Monsenhor Jamil Nassif Abib deu início à reforma da Matriz, a qual foi concluída no ano de 1.996.



Fonte: Ferraz, J. Romeu. História de Rio Claro: a sua vida, os seus costumes e os seus homens. São Paulo: Typographia Hennies Irmãos